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O cirurgião bariátrico e pesquisador na área de obesidade Cid Pitombo reflete, em seus textos, sobre alimentação, movimento, ganho... e perda de peso

A mulher Frankenstein: a obsessão por hormônios, próteses e preenchimentos 5c151i

Colunista reflete sobre procura e uso abusivo de intervenções estéticas que modificam o corpo e podem gerar problemas de saúde, inclusive mental d3m42

Por Cid Pitombo Atualizado em 10 jun 2025, 17h42 - Publicado em 10 jun 2025, 17h38

Lá se vão mais de 200 anos que, ironicamente, uma mulher, Mary Shelley, escreveu sobre um jovem cientista, o Dr. Frankenstein, que une partes de corpos para produzir um homem, ou melhor, uma aberração.

Dois séculos se aram e podemos ver o mesmo acontecendo diariamente perto de nós: pessoas, sobretudo mulheres, enxertando substâncias em seus corpos para se tornarem algo que não são e, assim como na trama do livro, as consequências podem ser desastrosas.

As leis naturais estão sendo desafiadas e, de forma artificial, colocam-se em corpos pedaços de silicone, implantes, polimetracrilato, fios, próteses, ácidos… modificando quase todas as regiões da anatomia, como uma obsessão.

O efeito disso tudo ainda é potencializado com chips hormonais e injeções de testosterona e outros anabolizantes. Busca-se resultado estético, mas também se colhe mudança da voz, da personalidade, dos músculos e da definição de quem realmente somos.

O jovem Frankenstein, ao conceber sua aberração, busca partes de corpos de desconhecidos já mortos e costura umas nas outras. Por meio de uma corrente elétrica de um raio, consegue dar vida à criatura.

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A enorme quantidade de modificações a torna um ser repugnante, de personalidade agressiva, descriminada, marginalizada e ela acaba se isolando.

O avanço da medicina veio para ajudar a equilibrar nosso corpo, seja do ponto de vista estético ou metabólico. Todos os artifícios válidos tem seu propósito: mulheres que perdem muito peso podem necessitar esteticamente de prótese de silicone para mamas; a perda da gordura facial como efeito colateral em pacientes com HIV pode criar estigmas e o preenchimento muitas vezes se faz necessário; o declínio muscular em pacientes que ficaram muito tempo em CTIs pode levar a uma enorme fraqueza – daí a necessidade de anabolizantes para aumento de massa.

Mas o que realmente está sendo feito com milhares de homens e mulheres ao redor do mundo, muitos deles jovens? Doutores Frankenstein manipulando corpos para introduzir indiscriminadamente próteses de silicones nas panturrilhas, glúteos, tórax e em diversas outras partes.

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Com agulhas e seringas, injetando substâncias para aumentar lábios, preencher áreas, esticar a pele. Fios tracionando nossas faces e pescoço tentando trazer juventude a qualquer custo.

Nesse laboratório moderno, o arsenal de vidros com o elixir da juventude se espalha em frascos de testosterona, anabolizantes, hormônios de crescimento, soros com vitaminas e uma diversidade de nomes que, quanto mais difícil é soletrar, mais fácil será iludir o paciente.

Hoje, muitas vezes ao caminharmos pelas ruas avistamos mulheres com braços e ombros masculinos que, em muitos casos, nos fazem confundir quem elas de fato são.

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O uso excessivo de hormônios que são masculinos como a testosterona, associado a anabolizantes, acaba produzindo esse efeito. Mas ele não vem isento de efeitos colaterais. Muda corpo, muda voz, mudam órgãos sexuais e muda até o comportamento.

Como no livro e no filme, essas modificações nada sutis são notadas por todos e são objetos de comentários não mais em tabernas ou castelos, mas em redes sociais e, um dia, as deformidades futuras podem levar ao isolamento e à depressão.

A busca frenética por essas mudanças corporais está mutilando uma geração não só esteticamente, mas também psicologicamente. Alguém tem que limitar essa moda Frank. Não seremos e nem pareceremos jovens para sempre. Temos só um corpo, mas também temos uma única mente. 

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Até quando nossa pele aguentará ser esticada, nossos músculos serem dissecados, nosso corpo ser preenchido, nossa identidade ser transformada?

Na história original, o médico percebe que ou dos limites. Sua criatura se isola e o final é trágico. Por aqui, muitos doutores descartam a possibilidade de parar e muitos pacientes não sabem até onde querem chegar. Talvez necessitem de uma luz, ou um raio, para voltarem à vida.

 

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