Lipedema, uma doença que se camufla e se confunde com obesidade 66y2u
Reconhecer a condição e buscar ajuda médica qualificada é o caminho para um tratamento eficiente e para a retomada da qualidade de vida 4f3c1m

Junho marca o mês de conscientização sobre o lipedema — uma iniciativa crucial para lançar luz sobre uma doença que impacta a vida de milhões de mulheres. Apesar de afetar cerca de 11% da população feminina mundial, o lipedema ainda é pouco conhecido, subdiagnosticado e frequentemente confundido com outras questões de saúde.
No Brasil, aproximadamente cinco milhões de mulheres convivem com os sintomas, muitas vezes sem sequer saber que se trata de um distúrbio com diagnóstico e tratamento específicos. Caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, principalmente nas pernas, quadris e, em alguns casos, nos braços, o lipedema é uma condição crônica e progressiva.
Um dos diferenciais é que essa gordura não responde aos métodos convencionais de emagrecimento — ou seja, mesmo com dieta rigorosa e atividade física regular, o volume das regiões afetadas persiste, gerando frustração e desgaste emocional nas pacientes.
Uma doença que se camufla 496e38
O principal desafio está no diagnóstico. Muitas pacientes am por diversos médicos ao longo dos anos, como angiologistas, endocrinologistas e dermatologistas, sem que a condição seja reconhecida. A doença é comumente confundida com obesidade, linfedema (disfunção do sistema linfático) ou até celulite, levando a tratamentos inadequados e ineficazes.
As causas exatas do lipedema ainda não estão totalmente esclarecidas, mas estudos apontam forte influência genética, hormonal e inflamatória. O início dos sintomas costuma coincidir com fases de flutuação dos hormônios, como puberdade, gestação ou menopausa. Em muitos casos, há histórico familiar, reforçando o componente hereditário.
Predominantemente clínico, o diagnóstico considera a distribuição anormal da gordura, a dor ao toque, a sensibilidade aumentada e a desproporcionalidade corporal. Outros sintomas comuns incluem sensação de peso nas pernas, tendência a hematomas espontâneos, fadiga e limitação nos movimentos.
Exames como doppler e linfocintilografia podem ser utilizados para descartar outras doenças, porém não há um teste específico que confirme a condição.
Caminhos para o tratamento 62j72
Embora não haja cura definitiva, o lipedema pode ser controlado com uma abordagem multidisciplinar. O tratamento é individualizado, dependendo da gravidade e da fase da doença. Em estágios iniciais, medidas como drenagem linfática manual, uso de meias de compressão, exercícios de baixo impacto e uma dieta anti-inflamatória podem ajudar a aliviar os sintomas e evitar a progressão.
Desde os casos mais leves até os mais avançados, pode ser considerada a realização de cirurgia. Porém, nos casos mais avançados, quando a dor não responde aos tratamentos conservadores e a limitação funcional é acentuada, a lipoaspiração especializada é considerada a intervenção mais eficaz. O procedimento visa remover a gordura afetada, preservando vasos linfáticos e melhorando o contorno corporal e os sintomas clínicos.
Informação que transforma 1v6p
Em um país onde padrões estéticos ainda impõem pressões significativas sobre o corpo feminino, entender que a gordura localizada pode ter origem patológica é essencial para combater preconceitos e promover saúde. Reconhecer a doença e buscar ajuda médica qualificada é o caminho para um tratamento eficiente e para a retomada da qualidade de vida. Informação é poder e, no caso do lipedema, pode significar também liberdade.
* Juliana Tenorio é médica cirurgiã plástica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SB) e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS)