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Morre Edmund White, o grande romancista gay dos Estados Unidos, aos 85 anos

Emblema da revolução sexual, o autor escreveu sobre a vida LGBT+ no século XX, foi elogiado por Nabokov e Sontag e merece ser redescoberto no Brasil

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jun 2025, 11h17

Morreu nesta terça-feira, 3 de junho, o escritor Edmund White, aos 85 anos. Nascido em Ohio em 1940, o romancista deixou a vida provinciana em busca de uma carreira na literatura e de um espaço que o permitisse explorar a própria homossexualidade, tema que foi central para seus maiores sucessos no mercado editorial. Entre 1973 e 2025, ele publicou 15 romances, 12 trabalhos de não ficção a partir das próprias experiências e três biografias sobre autores que irava: Jean Genet, Marcel Proust e Arthur Rimbaud. Despudorado, White se tornou emblema da vida em Nova York — que detalha em City Boy (editora Benvirá, 336 páginas) — e da revolução sexual dos anos 1970, que aplicada ao universo gay metropolitano questionava preceitos da monogamia e da moralidade. Seu livro mais recente foi publicado em janeiro de 2025 nos Estados Unidos e agrega crônicas das aventuras que viveu graças à própria filosofia: The Loves of My Life: A Sex Memoir (Os Amores da Minha Vida: Memórias do Sexo, em tradução livre, sem publicação prevista no Brasil).

White despontou como autor com Esquecendo Elena (1973), no qual satirizava os hábitos de Fire Island, ilha em Nova York conhecida como epicentro da vida gay. Foi só com a trilogia semiautobiográfica iniciada por Um Jovem Americano em 1982, porém, que ganhou projeção internacional. O elemento chave para tal foi o endosso de Susan Sontag, a mais influente crítica das artes de seu tempo. A conexão é só uma das várias do autor, que cruzou caminhos com Michel Foucault, Truman Capote, Robert Mapplethorpe, Peggy Guggenheim e Vladimir Nabokov — sua referência máxima —, entre outras personalidades seminais dos últimos 50 anos de arte americana e europeia. Soropositivo, White também foi um dos intelectuais que sobreviveu à crise da aids e trabalhou para manter a memória de seus colegas viva.

A causa divulgada afirma que White morreu enquanto esperava por uma ambulância após notar sintomas de uma doença estomacal. Michael Carroll, seu marido e parceiro há quase 30 anos, disse ao The Guardian que White era “sábio o suficiente para ser sempre generoso. Ele jamais se exaltava e era gentil. Estou sempre pensando em algo para dizer para ele antes de me lembrar”.

Além dele, autores jovens que se inspiram em White lamentaram a morte nas redes sociais. Via Instagram, o francês Édouard Louis agradeceu por 12 anos de amizade e afirmou que os livros do americano “abriram novos caminhos para pessoas gays de todo o mundo” e deram a elas “o direito de existir e o direito à felicidade”. Outros nomes que já o apontaram como referência são Garth Greenwell, Ocean Vuong e Brandon Taylor, todos recentemente traduzidos no Brasil — diferente de seu mestre. O livro mais recente de White a ganhar versão em português foi City Boy, logo após a biografia Rimbaud, enquanto suas obras anteriores só são encontradas em edições antigas. Com um legado tão palpável e pertinente à literatura de hoje, é o mercado editorial brasileiro quem perde ao não reconhecê-lo.

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