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A CVM no encalço da Via Varejo

Xerife do mercado vê atuação irregular por parte da varejista e investiga se movimento foi feito para inflar preço de ações

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 jul 2020, 19h00 - Publicado em 20 jul 2020, 18h37

Um dos fenômenos da bolsa em 2020, a Via Varejo, holding dona de grandes varejistas como Casas Bahia e Ponto Frio, entrou na mira da Comissão de Valores Monetários (CVM). As ações da companhia subiram 80% no ano e frequentemente são listadas entre os papéis com maior volume de negócios na B3, a bolsa de valores de São Paulo. Desde o ano ado, a companhia vem chamando a atenção do mercado, quando houve a reestruturação do capital social, com a saída do Grupo Pão de Açúcar do quadro de acionistas e a retomada do controle pela família Klein — fundadora das Casas Bahia. No entanto, algumas práticas vêm chamando a atenção do xerife do mercado.

A CVM abriu um processo nesta segunda-feira, 20, para apurar a divulgação de resultados de uma maneira — digamos —, no mínimo, inusual. A Via Varejo antecipou no Twitter as vendas no trimestre, algo que não é visto como correto pela Comissão. Neste período, normalmente as companhias entram em período de silêncio e só se pronunciam por meio de comunicados oficiais. Para piorar, o pregão desta segunda foi marcado pelo vencimento de opções. Ou seja, o avanço refletiu diretamente nos papéis que tendem a ter maior volatilidade. Na rede social, a empresa publicou que havia um crescimento de 2.500% na venda de games e câmeras; de 1.900% de televisores; de 1.500% em equipamentos de som; de 1.400% de itens de informática e de escritório; e de 750% de fornos e fogões — os produtos mais vendidos. Tudo isso após a pandemia.

Via Varejo (4)
QUEIMADA A LARGADA: Publicações no Twitter da Via Varejo: CVM acredita que post pode ter induzido investidor ao erro (Reprodução/Twitter)

Segundo o órgão que regula o mercado, essas divulgações podem não estar de acordo com as normas do mercado brasileiro de capitais. “Esclarecemos que aplicam-se às divulgações realizadas em mídias sociais as mesmas regras previstas nas normas que tratam da divulgação de informações, notadamente as que disciplinam a divulgação de informações relevantes e estabelecem regras gerais sobre conteúdo e forma das informações que os emissores devem observar”, afirma a CVM. Segundo o órgão, as empresas só podem divulgar informações relativas a atos ou fatos relevantes em redes sociais, após ou simultaneamente à divulgação dessas informações pelos meios de comunicação. Além disso, as empresas não devem induzir o investidor a erro.

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Este é o segundo processo que a CVM abre contra a Via Varejo em pouco mais de um ano. O xerife do mercado financeiro, suspeita que a forma como Klein comprou a participação do GPA tenha prejudicado acionistas minoritários. Dias antes da aquisição, uma assembleia feita às pressas autorizou uma mudança no estatuto da Via Varejo que permitiu que o GPA — o maior acionista até então — vendesse sua parte sem estender a oferta aos minoritários. Klein, que se associou a cinco fundos e vendeu 33 imóveis comerciais para pagar 2,3 bilhões de reais, poderia ter de desembolsar até 6,3 bilhões de reais sem a alteração. A investigação, aberta em 17 de junho de 2019, pode gerar sanções à companhia, mas ainda não foi concluída.

No pregão desta segunda-feira, 20, as ações da Via Varejo dispararam 7,35%, alcançando o valor de 21,17 reais. O volume de negociações alcançou 117 milhões de reais, e fez da varejista a empresa mais comercializada na bolsa neste dia. Há um ano, as ações estavam cotadas a 7,15 reais e no pregão de 19 de julho de 2019 o giro financeiro envolvendo seus papeis foi de 32 milhões de reais.

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