Reino Unido diz que bloqueio parcial de Israel à entrada de ajuda em Gaza é ‘desumano’ 545543
Críticas ocorrem em meio à desastrosa atuação da Fundação Humanitária de Gaza, grupo apoiado por Washington e Tel Aviv, na distribuição de suprimentos 67m3i

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Hamish Falconer, disse nesta quarta-feira, 4, que as medidas de controle de Israel à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza são “desumanas, fomentam o desespero e colocam civis em perigo”. As novas críticas ocorrem em meio à desastrosa atuação da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), grupo privado apoiado por Washington e Tel Aviv, na distribuição de suprimentos no enclave palestino.
À câmara baixa do Parlamento britânico, ele afirmou que o bloqueio israelense é “injustificado” e “precisa acabar”, acrescentando: “Israel deve permitir imediatamente que as Nações Unidas e seus parceiros humanitários entreguem com segurança todos os tipos de ajuda em larga escala para salvar vidas, reduzir o sofrimento e manter a dignidade.”
“Estamos consternados com os repetidos relatos de incidentes com muitas vítimas, nos quais palestinos foram mortos ao tentar ar locais de ajuda em Gaza”, afirmou ele. “Civis desesperados que aram 20 meses de guerra jamais deveriam correr o risco de morte ou ferimentos para simplesmente alimentar a si mesmos e suas famílias.
“Apelamos para uma investigação imediata e independente desses eventos para que os perpetradores sejam responsabilizados”, acrescentou Falconer. “É profundamente perturbador que esses incidentes tenham ocorrido perto dos novos locais de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza; eles ressaltam a necessidade absolutamente desesperada de levar ajuda.”
Na véspera, forças israelenses abriram fogo perto de um ponto de distribuição em Rafah, ao sul, causando a morte de 27 pessoas e deixando dezenas de feridos. As cenas de caos levaram a GHF a suspender as atividades nesta quarta-feira. Falconer destacou que “os alertas feitos pelo Reino Unido, pelas Nações Unidas, pelos parceiros de ajuda e pela comunidade internacional sobre essas operações se materializaram”.
A Fundação Humanitária de Gaza iniciou as operações de fornecimento de alimentos em 26 de maio, embora agências da ONU e outras organizações tenham se recusado a cooperar com o grupo por usar seguranças armados na distribuição de suprimentos e pela ineficácia. Já no primeiro dia de entrega de ajuda, as Forças de Defesa de Israel (FDI) dispararam perto de multidão de palestinos após a GHF perder controle do posto em Rafah, dando início a um tumulto.
+ Após cenas de caos e despreparo, grupo de ajuda humanitária interrompe distribuição em Gaza
Críticas generalizadas 1y2z3t
Os alertas do chanceler britânico somam-se à subida de tom da comunidade internacional contra a campanha militar israelense em Gaza. O Reino Unido, em particular, tem aumentado o furor das críticas. Em 20 de maio, suspendeu negociações de livre comércio com Israel e impôs novas sanções contra assentamentos na Cisjordânia.
“Quero deixar registrado hoje que estamos horrorizados com a escalada de Israel”, reforçou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao Parlamento do Reino Unido na ocasião. “Precisamos coordenar nossa resposta, porque esta guerra já dura tempo demais. Não podemos permitir que o povo de Gaza morra de fome.”
Um dia depois, a União Europeia (UE) anunciou que revisará os laços comerciais com Israel devido à crise humanitária palestina. A chefe de política externa do bloco, Kaja Kallas, afirmou que Comissão Europeia, braço executivo da UE, reavaliará o Acordo de Associação UE-Israel, que regula as relações políticas e econômicas entre os dois lados através do livre comércio.
Países como a Alemanha também ameaçaram medidas devido à campanha em Gaza. O chanceler Friedrich Merz chegou a afirmar que a luta contra o grupo radical Hamas já não justifica a guerra no enclave palestino, iniciada em outubro de 2023. Trata-se de uma mudança de tom, já que o Berlim atua com cautela em críticas a Tel Aviv por “questões históricas”, segundo Merz, em referência à Alemanha Nazista.