Um dia após Greta Thunberg, ativista brasileiro detido em Israel será deportado 266x8
Thiago Ávila está em greve de fome e água desde madrugada de segunda-feira, 9, às 4h no horário local (22h de domingo em Brasília) 622x6y

O brasileiro Thiago Ávila, que estava no barco de ajuda humanitária interceptado por Israel, será deportado e chegará no Brasil entre esta noite e quinta-feira, informou a assessoria do ativista nesta quarta-feira, 11. Na véspera, o Centro Jurídico pelos Direitos da Minoria Árabe em Israel (Adalah) afirmou que Thiago estava em greve de fome e água desde madrugada de segunda-feira, 9, às 4h no horário local (22h de domingo em Brasília).
“Um dos ativistas, Thiago Ávila, anunciou que está em greve de fome e sede desde as 4 horas da manhã de ontem. Vários ativistas também relataram condições insalubres sob custódia do Serviço de Imigração e População (IPS), incluindo infestações de percevejos e o apenas a água da torneira imprópria para consumo”, disse a declaração do Adalah.
“Israel está tratando os 12 indivíduos como se tivessem ‘entrado ilegalmente’ no país — apesar de terem sido detidos à força em águas internacionais e transferidos para território israelense contra a sua vontade. Além disso, ontem, todos os doze foram informados de que Israel impôs a cada um deles uma proibição de entrada no país por 100 anos. As audiências foram realizadas ao longo de cinco horas hoje”, acrescentou o texto.
+ ‘Preparado para o pior’: o que ativista brasileiro disse a VEJA antes de Israel interceptar barco
Entrevista de Thiago a VEJA 5d695y
Após dias sendo vigiada por drones, a embarcação com doze ativistas e carregada de itens básicos humanitários com destino a Gaza foi interceptada. Todos os seus tripulantes, incluindo a sueca Greta Thunberg, foram rendidos e levados. Entre eles, estava o brasileiro Thiago Ávila, coordenador internacional da Coalizão da Flotilha da Liberdade.
Com o barulho do mar ao fundo, Thiago conversou com a reportagem de VEJA na última quinta-feira, 5, sobre os perigos de levar um pequeno barco a vela lotado de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde quase toda a população enfrenta “risco crítico” de fome. Na ocasião, ele adiantou que não se surpreenderia diante do episódio que veio a cabo três dias depois, no domingo, e disse estar preparado para o pior.
“O maior perigo é um ataque, um ataque que Israel já fez há um mês contra o barco Conscience”, disse Ávila, em referência à embarcação humanitária atingida por drones israelenses na costa de Malta no início de maio. “A gente sabe que Israel tem poder para isso. Mas eu garanto que se Israel nos ataca, se nos prende, se nos faz mal, em pouco tempo a gente vai ter uma nova flotilha, não com duas pessoas, mas com 120 ou com 1.200 pessoas.”
“São quatro grandes cenários: ser derrotado no porto pela guerra burocrática; chegar próximo e ser interceptado, sequestrado, levado para Israel e depois deportado; ataque direto, como já aconteceu há um mês e há 15 anos; ou chegar em Gaza, cumprir a missão humanitária e depois retornar para conseguir trazer ainda mais alimentos em outra viagem”, continuou. “Nossa equipe é treinada para saber responder bem a essas situações de emergência. De longe, um ataque é o pior cenário. Estamos preparados para o pior.”